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quarta-feira, 5 de junho de 2013

crueldade no Pará

Uma medida de saneamento adotada pelo prefeito de Santa Cruz do Arari, no arquipélago do Marajó, no Pará, provocou polêmica: cerca de duzentos cães foram capturados por servidores municipais e enviados para a zona rural da cidade, no último dia 28. De acordo com Marcelo Pamplona, prefeito da cidade, a ação ocorreu porque havia muitos cachorros nas ruas, o que provocava sujeira e transmitia doenças para a população.
A iniciativa da prefeitura desagradou moradores. De acordo com denúncias, até mesmo animais com donos foram capturados, e muitos teriam morrido por maus-tratos. Vídeos registram cachorros sendo laçados até por crianças, que teriam recebido dinheiro para caçar os animais. “Estavam pagando R$5 pelo cachorro e R$ 10 pela cadela”, conta o cozinheiro Aragonei dos Santos, de 29 anos, que fez os flagrantes.
As imagens mostram ainda um curral com animais presos por cordas, e outros levados até canoas, amarrados e amontoados em um pequeno porão da embarcação. O vídeo registra também os animais sendo agredidos e outros mortos, sendo jogados no rio, e alguns sobreviventes, que tentavam sair da água.
Aragonei conta que teve seus cinco cachorros levados por agentes da prefeitura. Avisado por vizinhos, ele foi em busca dos animais. “Peguei uma câmera e fui atrás. Consegui salvar, mas fui ameaçado. Homens me seguiram quando eu estava no trapiche e me espancaram”, denuncia o cozinheiro, que sofreu um ferimento na cabeça, que precisou ser suturado.
O morador conta ainda que tentou registrar a agressão na delegacia da cidade, mas não conseguiu porque ninguém quis fazer a ocorrência. Para conseguir o B.O, ele se dirigiu até o município vizinho, Cachoeira do Arari, e no último sábado (1º), fez um boletim de ocorrência do caso e passou por exames médicos da perícia que constataram a agressão.
Prefeito diz que população ‘cobrava atitude’
O prefeito de Santa Cruz do Arari , Marcelo Pamplona (PT) confirmou a ação de caça aos cachorros. Ele explicou que a medida pretendia reduzir o número de animais nas ruas. “Esses bichos causam uma sujeira enorme, defecam nas ruas, e transmitem doenças. Algumas pessoas foram atacadas por eles. Os cães até atacam bezerros. A própria população me cobrava uma atitude”, declarou.
Ainda de acordo com o prefeito, os cachorros capturados foram levados para a zona rural da cidade. Ele admite que o novo espaço para ao animais não teria qualquer infraestrutura para receber os cachorros. “A cidade é muito pequena, falta tudo. Não temos agentes do zoonoses para cuidar da proliferação dos cachorros. Solicitei em maio de 2012 para o estado uma equipe do zoonoses para cá, mas ninguém nos atendeu”.
Pamplona nega que os animais tenham sido sacrificados, mas admite que possa ter havido excesso por parte dos agentes que fizeram a captura. “A população do município gostou da nossa atitude. Mas se na hora de capturar o animal houve algum excesso, se eles, de repente, foram esganados ou algo assim, tem que apurar isso. Agora, cachorro da rua, brabo, vai capturar como? Tem que ser no laço”, alega. Quanto a denúncia de agressão contra o morador, Pamplona nega o caso e declarou que se trata de perseguição política.
Polícia apura o caso
O caso foi denunciado à Delegacia de Meio Ambiente (Dema), que afirmou que uma equipe será enviada até Santa Cruz do Arari para apurar a situação. O reponsável pela denúncia foi ouvido em depoimento pela delegada Vera Batista. As imagens do caso serão encaminhadas à perícia criminal.
“Aparentemente, a captura procede, porque temos imagens desses animais. Agora, precisamos apurar a questão do extermínio, para saber se houve mesmo”, declarou a delegada Vera Batista.
Um inquérito foi instaurado pela Dema nesta terça-feira (4) para investigar denúncia de que pessoas estariam exterminando cachorros no município de Santa Cruz do Arari. De acordo com a Polícia Civil, a denúncia cita o prefeito do município, Marcelo Pamplona, como incentivador da morte dos animais. Segundo a denúncia, o prefeito ofereceria dinheiro para que os cachorros fossem eliminados, a fim de diminuir a quantidade de animais soltos na cidade.
De acordo com a Dema, caso o prefeito seja considerado culpado, será lavrado um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) e o processo será transferido para o Tribunal de Justiça do Pará. Caso a denúncia de maus tratos seja confirmada, as pessoas
Prefeito paga R$ 10 para eliminar cães no Marajó
A população de Santa Cruz do Arari, no arquipélago do Marajó acusa o prefeito Marcelo Pamplona (PT) a pagar de R$ 5 a R$ 10 a quem capturar cães e colocá-los numa canoa para que sejam levados e desapareçam do município. Somente nos últimos dias 28 e 29 de maio, cerca de 300 cães foram supostamente exterminados. O caso foi apontado pelo morador da cidade, Aragonei dos Santos, 49, que, filmou com celular a “caçada” aos cães pela cidade e foi agredido porque ameaçou denunciar o caso. Ele teve três cachorros raptados. O prefeito confirmou a captura dos animais, negou o extermínio e afirma que a caçada deve continuar.
No município vivem cerca de 8.100 habitantes – segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e agora o homem passou a pior inimigo dos cachorros. No último dia 28, muitos moradores acordaram com latidos e choro dos animais. Nas imagens é possível ver homens e crianças laçando os cães e os arrastando pelas ruas da cidade. Os vídeos foram apresentados ontem, com exclusividade, pela RBATV, no final do programa ‘Metendo Bronca’. As cenas são chocantes. Bastante machucados, os cães são amordaçados e jogados dentro de duas embarcações chamadas rabetas. Alguns chegam a ser pendurados pelo pescoço e outros são agredidos.
Aragonei relata que naquele dia sentiu falta dos seus quatro cachorros e saiu a procura dos animais, quando se deparou com a perseguição aos cães. Ele foi informado por outros moradores que o prefeito estaria oferecendo dinheiro para quem capturasse os animais e dessem “um fim” a eles. “Foi quando eu tive a ideia de começar a gravar e fui atrás dos meus bichos”, comentou.
Ele ainda conseguiu salvar um dos seus cães. “Eles pegaram inclusive cadelas que tinham acabado de ter filhotes – alguns ainda nem abriram os olhos”, ressaltou. Uma das embarcações onde os cachorros foram despachados, segundo Aragonei, pertence à prefeitura de Santa Cruz do Arari. O rapaz contou que a caçada durou dois dias – sendo que no primeiro foram capturados 170 cães e no dia seguinte mais 140. Moradores disseram ter visto cachorros boiando no rio Mocouns, a 50 Km da sede do município.
Na última sexta-feira, 31, Aragonei conversava com a tia Jacilene dos Santos em uma rua quando foi agredido por uma pessoa identificada pelo apelido de “Batata”. “Ele me pegou por trás e começou a me bater, quase fico inconsciente. Ele deixou o local da agressão dizendo que ‘era só um recado do prefeito’”, lembra.
O prefeito Marcelo Pamplona negou o extermínio de cães. Ele disse que a cidade está tomada por cachorros, que defecam nas ruas e porta das casas, por isso decidiu enviar os cães para a zona rural – só não disse exatamente as vilas. “A gente vai continuar fazendo isso até não ter mais cachorros andando nas ruas. Quem tiver o seu que cuide e cuide dele em casa”, ressaltou.
O coordenador do grupo técnico do Departamento de Zoonoses da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Reynaldo Lima, criticou a forma com que o prefeito passou a conduzir a situação. “Ele está fazendo de forma errada. Existe uma lei que ampara os animais”, atentou.







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